TERRA VIVA MUNDO IMORTAL

O Shopping Colinas recebe a campanha de cidadania do Yázigi que apóia os seus esforços em três instituições que há algum tempo trabalham por um planeta melhor: A carta da terra, a WWF- BRASIL e a sua defesa pelos biomas brasileiros e A UMA PAZ. A junção destas três
instituições faz-nos perceber a importância que tem para o Yázigi e para o Shopping Colinas o mundo em que vivemos. Pois para um planeta gobal e saudável é preciso que tudo funcione e não apenas as comunicações.

É por sabermos que o mundo não é imortal, bem pelo contrario, mas também para
evitarmos uma morte precoce que é preciso agir. TERRA VIVA – MUNDO IMORTAL é
uma série de quatro exposições em que o foco estará nesse mundo fragmentado,
ainda que tão global. Pretende ser uma isca para se pensar questões como
identidade e alteridade desde o ponto de vista da DIVERSIDADE e da paz.

A exposição

Em SERES a proposta é questionar quem somos e nossa identidade em constante
mutação. A pergunta “Quem é o homem brasileiro, quem é o ser que habita o Vale
do Paraiba?”, não pode ser descontextualizada desse mundo globalizado e ligado
numa antena que expele e universaliza as imagens da nossa identidade. Ser quem
somos, hoje e aqui, está sendo questionado a cada zapping ou outdoor pelos quais
passamos. Os seres que habitam este planeta tem-se adaptado a cada paisagem
transformando-a também por sua atuação. Com as tradições rurais ou artesanais em
declínio completo, resta-nos pensar se ainda somos filhos dos nossos pais ou se
somos afinal, uma família mundialmente caipira.

Entrevista com Claudio Caropreso

Antes de você ir para a Fundação Cassiano Ricardo em 2001 você só trabalhava com Xerox?

Fiz um monte de coisa com Xerox. Eu fui na Fundação (Cassiano Ricardo) porque eu queria fazer serigrafia. Mas na altura tinha havido um problema e não havia mais curso.

No início eu ainda fiz linóleo. Mas o linóleo custa caro! O Chicão trouxe o neolit de São Paulo, mas nem todo o neolit é bom. Aí o George falou: porque é que você não faz xilo? Aí eu comecei. O Chicão dava pintura e desenho nessa época e eu ia muitas vezes mais cedo para falar com ele. Foi aí que começou nossa amizade.

E todas as minhas referências das artes plásticas começaram nessa época. Baselitz, Freud (Lucian), Kiefer, que estava na Bienal de 98. Tem outras coisas que me encantam, mas esses caras é que me “tricam” a cabeça... Nem tem nada a ver com o meu trabalho...

É, eu pensei que vc fosse falar de Andy Warhol...

Ah, o Andy Warhol tá mais relacionado com a música... Aliás a música é a minha referência de sempre: Chico Science, Talking Heads, eu ouço música enquanto trabalho.

Ah, é até óbvio falar de Richard Hamilton, Peter Blake. “Esses caras” eu nunca vi ao vivo, mas tem mais a ver com o meu trabalho. Lembro daquela capa do Sargent Peppers. Eu senti que queria fazer aquilo um dia.

E essa coisa de ter de trabalhar?

É que hoje tem tanta informação que se você for ficar olhando. Experimenta ficar um dia vendo as manchetes do UOL. Tem hora que chega a ser contraditório.

Eles falam que o PIB cresceu, depois que orçamento vai cortar e que o desemprego subiu. No outro dia, que nunca teve tanta carteira assinada. Parece até que tão tirando onda da tua cara. Tem tanta informação que é fácil falar e não fazer nada.

E se você não faz, se não produz ,não experimenta e a gente aprende a fazer coisas é fazendo errado. E a essência das coisas é experimentar. Tem que experimentar!

Não dá para escrever sem riscar. Pra você escrever uma resenha dum texto você tem que rabiscar umas quatro folhas para sacar alguma coisa, não é? Então, é a mesma coisa. O pessoal hoje em dia já “faz” pronto, não tem experiência nenhuma. Pelo menos é a minha visão.

Mas porque é que precisa trabalhar tanto, é catarse?

Não. É necessidade de me comunicar. Eu preciso de comunicar muito (risos)

Olha, eu não gosto de andar de Metrô lotado, acho que ninguém gosta, mas eu não gostaria de viver num lugar que não tivesse gente para eu falar. Eu gosto de falar com motorista de ônibus. Eu gosto dessa “porcaria” de cidade. Não é que eu goste de enchente, mas gosto de andar na rua e ver “nego”, ver esquina. Tem gente que não liga, mas eu estudei muito isso de urbanismo, até gostaria de me envolver mais nessa área, mas não é fácil.

E hoje em dia eu estou vivendo muito isso porque eu não posso dirigir, ando muito de ônibus, aí eu vejo muito. Por isso que parece que é catarse. Se você andar de ônibus vê muita coisa, assiste muita coisa no caminho. Eu preciso produzir para me comunicar. A cidade é o trabalho.

Mas olha, garanto pra você uma coisa, o Hendrix quando, tava em casa, tenho a certeza que não ficava sem fazer nada. Ele ficava no estúdio!

Te frustra alguém não entender o que você fez?

Não. Acho legal! Ah, ás vezes o cara fala coisas que não tem nada a ver. É que as vezes a gente carrega muito de informação. Usa um monte de referências, até demais. Eu nem sei o que eu penso quando faço meu trabalho, para falar verdade.

São poucos os trabalhos que eu pensei. Tem aquela da gravura da havaiana, lá eu queria fazer uma ironia mesmo, foi explícito, lembro direitinho

Aí tem a do cangaceiro, que eu queria fazer uma homenagem da música da Ana Baukaus que fala do lampião, que tem aquela coisa do banditismo não por pura vaidade, mas banditismo por uma questão de classe.

Ah, sabe aquela gravura do silêncio do Duchamp? Eu até sei o que quer dizer o escrito, mas não faz diferença nenhuma você saber o que tá escrito lá! Tem o trabalho do clandestino, aí é até óbvio, né?

Tem a série das lojas Matilde.

Isso faz tanto tempo que nem lembro mas, olha, não sei se o pessoal sacava.

E aquela do “linque”?

Eu não te contei? Foi o ano passado. Eu fui convidado para uma reunião e os caras faziam “link” com tudo! Era tanto link, tanto link... tudo era link!

Lembro que eu cheguei em casa e falei: Cibele, é link demais!!!

Aí, eu tava contando a história para um amigo meu e ele deu risada: É Claudinho, hoje em dia por causa de uns “troco” o pessoal faz link com qualquer coisa. Aí eu comecei a gravura no dia seguinte e larguei aquilo. Não agüentava mais falar de link! O pessoal hoje em dia acha que tudo tá “linkado” ou não tá “linkado”. Mas não é só os caras, tudo tá ligado, tudo tá conectado... e não tá conectado, putz... o mundo tá globalizado desde que o Álvares Cabral veio aqui!!

A ciência sempre nunca foi uma coisa só. A matemática com a medicina e a medicina com não sei o quê sempre trabalharam juntas. Não é de agora que os fisiologistas estão trabalhando com os neurologistas. Antes nem havia isso, era tudo era uma coisa só!

Das lojas Matilde não foi nem idéia minha! Eu tava falando com o Chicão (Francisco Maringelli) e a gente ficava tirando sarro dessa coisa “underwear”, “streetwear”, não sei quê “wear” e aí cheguei em casa e fiz a gravura. Na verdade a gente tava falando dessa coisa de escrever tudo em inglês.